Falando sobre o que ninguém fala

No começo o homem andava curvado. Precisou de algumas gerações para que conseguisse se erguer e andar. Séculos e séculos para que andássemos eretos e o homem de hoje - para alguns, o homem pós-moderno - retrocedeu e se curva: seja para usar as tecnologias que solucionam problemas que muitas vezes não existiam, seja para viver sob a ditadura de pensamentos que não são dele e o tornam escravo de si. Tão virtuoso mundo pós-moderno. Nele, chique é gastar o dinheiro que não se tem com aquilo que não se precisa. Culto é ser bilingue ou poliglota sem antes dominar com propriedade o próprio idioma. Experiência é conhecer o mundo inteiro e menos de meia dúzia de cidades do país no qual se vive. Política é quando você desliga a TV para não ver os candidatos a governar seu país, não acompanha, não se preocupa, e depois critica. Ativismo é divulgar causas pelas quais você mesmo não age. Esporte é ignorar o time para o qual se torce e tentar provar que o time adversário é pior. Vitória não é quando se vence, mas quando se derrota alguém. Conhecimento é acumular informações inúteis sobre o que você nunca vai precisar. Inteligência é ser arrogante. Ecletismo é amar vários cantores do único estilo musical que você gosta, ou pior, admirar várias coisas em um único artista. Ser grosseiro com as pessoas é ter atitude. Falsidade é como te chamam por ser feliz e educado. Autoestima é procurar desesperadamente por alguém pior do que você. Sinceridade é quando não te telefonam mais. É incoerente, mas, ser evoluído é achar que o outro é primitivo. Crentes em Deus toleram sua própria religião e rejeitam as outras. Ateus rejeitam a todas as religiões e mesmo sem ter fé em nada, ainda assim, fazem parte da nova seita mais radical do mundo. O relacionamento mais longo que as pessoas conseguem ter é com o próprio espelho. Sexo agora se chama masturbação assistida. Acreditar é duvidar o mínimo possível. Gratidão é dizer a si mesmo que o outro não fez nada demais por você. Personalidade é dizer que prefere não se definir, não se limitar, para disfarçar que não se conhece, não se importa muito nem consigo. Perdão é se convencer de que a mágoa do outro é na verdade um melodrama. Amor é o "amor da minha vida" durante os próximos quinze minutos. Amizade só enquanto eu puder tolerar o outro e me sentir melhor do que ele. Vizinhos não é mais desejável tê-los, o ideal é não ser vizinho nem daqueles que moram dentro da sua própria casa. Sexualidade não é conhecer seus desejos é viver somente para satisfazê-los. Curtir a vida é mais importante do que viver a vida. Orgasmos são mais importantes do que abraços. Cargos são mais importantes do que valores. Corpos são mais importantes do que o conteúdo do cérebro de quem os habita. Eterno é o que dura até o próximo hit. Pensamento crítico é quando você fala mal de alguém. Para que ter um animal de estimação se você pode se casar? Discernimento é quando te chamam de dramático ou pessimista. Vicioso mundo pós-moderno do coração inflado de um cidadão nada modesto. Adeque-se. Atente-se. Encaixe-se. Ou aprenda a saber quem é você mesmo e não o que eles querem que você seja. Ser é mais do que projetar no mundo uma imagem de si. Viva e deixe viver, mas primeiro saiba (ou tente saber) o que de fato é isso.

Por Ruleandson do Carmo

Ameniza e não muda.

O Brasil é um país de alta criatividade em políticas sociais, com saídas para amenizar, não para mudar a realidade. A criatividade começou na escravidão, ao invés de aboli-la recorremos à Lei do Ventre Livre. Os escravos sexagenários, os velhos, eram libertados, um eufemismo para abandonados. Até a Abolição da Escravatura aconteceu sem oferecer educação nem terra para os ex-escravos e seus filhos. A Abolição foi um eufemismo para a expulsão dos escravos das fazendas para as favelas.

Modernamente também temos sido campeões de imaginação para soluções parciais.

Como o salário não era suficiente para pagar o transporte do trabalhador até o local de trabalho, ao invés de aumento salarial, criamos o vale-transporte, como se fosse um grande benefício social, quando, na verdade, foi um serviço à economia: garantir a presença do trabalhador na fábrica. A regra é a mesma para o vale-refeição. O salário não era suficiente para assegurar a alimentação mínima de um trabalhador, então a solução foi garantir a alimentação do trabalhador, mesmo que suas famílias continuassem sem comida.

Quando a inflação ficou endêmica, ao invés de combatê-la (só enfrentada em 1994), criou-se a correção monetária, que garantia moeda estável para quem tivesse acesso às artimanhas do mercado financeiro, enquanto o povo continuava com seus salários cada vez mais desvalorizados.

Hoje, quando o país vive um apagão de mão de obra qualificada, corremos para fazer escolas técnicas, esquecendo que sem o ensino fundamental os alunos não terão condições de aproveitar os cursos profissionalizantes.

A Bolsa Escola foi criada para revolucionar a escola. Como isso não foi feito, ela se transformou na Bolsa Família, sendo mais uma das soluções compensatórias agregada ao vale-alimentação e vale-gás.

As universidades boas e gratuitas são reservadas para os que podem pagar escolas privadas no ensino básico. No lugar de fazer boas escolas para todos, criamos o PROUNI e cotas para negros e índios. O Brasil melhora com essas medidas, mas não enfrenta o problema e acomoda a população, como se agora todos já fossem iguais. Promovem-se benefícios com soluções provisórias, como se elas resolvessem o problema.

A solução adiada seria uma revolução que assegurasse escola de qualidade para todas as crianças, em um programa que se espalharia pelo país, onde todas as escolas fossem federais, como o Colégio Pedro II, as escolas técnicas militares, os colégios de aplicação das universidades.

Quando a desigualdade social força a separação entre pobres e ricos que se estranham, ao invés de superar a desigualdade constroem-se muros em shoppings e condomínios, separando as classes sociais. Para impedir a convivência de classes, impedimos estações de metrô em bairros ricos, o que mostra um total desinteresse desses habitantes pelo transporte público.

Falta professor de Física, retira-se Física do currículo. Os alunos não aprendem, adotamos progressão automática. O Congresso não funciona, o STF passa a legislar. A população fala Português errado, em vez de ensinar o correto a todos legitimamos a fala errada para a parte da população sem acesso à educação. Adotamos dois idiomas: o Português dos ricos educados e o Português dos pobres sem educação; o Português dos condomínios e o Português das ruas.

Ao invés de combater o preconceito e a desigualdade, legalizamos a desigualdade.

Ao invés de fazer as mudanças da estrutura para construir um sistema social eficiente, equilibrado, integrado e justo optamos por simples lubrificantes das engrenagens desencontradas da sociedade. Nossas soluções podem até ser criativas, mas são burras e injustas. É a sociedade acomodando suas deficiências. Ao invés de enfrentar e resolver os problemas, nossa criatividade ajusta a sociedade a conviver com eles. E adia e agrava os problemas porque ilude a mente e acomoda a política.

Por Cristovam Buarque.
(Professor da Universidade de Brasília e senador pelo PDT/DF.
Texto publicado em O Globo, em 21/05/2011.)

Get It While You Can


"In this world, if you read the papers, Lord,
You know everybody's fighting.. on with each other.
You got no one you can count on, baby,
Not even your own brother.
So, if someone comes along,
He's gonna give you some LOVE and affection
I'd say get it while you can, yeah!
Honey, get it while you can,
Hey, hey, get it while you can,
Don't you turn your back on love, no, no!

Don't you know when you're loving anybody, baby,
You're taking a gamble on a little sorrow,
But then who cares, baby,
'Cause we may not be here tomorrow, no.
And if anybody should come along,
He gonna give you any love and affection,
I'd say get it while you can, yeah!
Hey, hey, get it while you can,
Hey, hey, get it while you can.
Don't you turn your back on love,
No no no, no no no no no..

Oh, get it while you can,
Honey get it when you're gonna wanna need it dear, yeah yeah,
Hey hey, get it while you can,
Don't you turn your back on love,
No no no, no no no no, get it while you can,
I said hold on to somebody when you get a little lonely, dear,
Hey hey, hold on to that man's heart,
Yeah, get it, want it, hold it, need it,
Get it, want it, need it, hold it,
Get it while you can, yeah,
Honey get it while you can, baby, yeah,
Hey hey, get it while you can!

Divinamente na voz de Janis Joplin.

Livre

Às vezes é preciso perder, para dar valor. É preciso chorar, para aprender a amar. É preciso confiar, para se entregar e ainda assim a grande verdade é que, é preciso ouvir para nunca gritar... Todos irão sofrer um dia, para saber o verdadeiro sentido da felicidade! Muitas vezes deixamos de lutar pelo que realmente queremos pelo simples fato de não estarmos preparados para ouvir não, errar é humano, perdoar é preciso, e correr atrás daquilo que realmente queremos é uma obrigação! Viva, ame, pense, erre, caia, levante. E depois do erro corra atrás de refazer o seu acerto, faça tudo o que desejar fazer, diga te amo sem medo de não ouvir isso depois, aproveite a vida, nunca se sabe o dia de amanhã...
Rir é correr o risco de parecer tolo.
Chorar é correr o risco de parecer sentimental.
Estender a mão é correr o risco de se envolver.
Expor seus sentimentos,
é correr o risco de mostrar seu verdadeiro eu.
Defender seus sonhos e idéias diante da multidão, é correr o risco de perder as pessoas
Amar é correr o risco de não ser correspondido.
Viver é correr o risco de morrer.
Confiar é correr o risco de se decepcionar. Você pode ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não se esqueça de que sua vida é imprescindível. Só você pode evitar que ela vá ao fracasso. Há muitas pessoas que precisam, admiram e torcem por você. É importante que você sempre se lembre de que ser feliz não é ter um céu sem tempestades, caminhos sem acidentes, trabalhos sem fadigas, relacionamentos sem decepções.
Ser feliz é encontrar força no perdão, esperança nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros. Ser feliz não é apenas valorizar o sorriso, mas refletir sobre a tristeza. Não é apenas comemorar o sucesso, mas aprender lições nos fracassos. Não é apenas ter júbilo nos aplausos, mas encontrar alegria no anonimato.
Tentar é correr o risco de fracassar.
Mas os riscos devem ser corridos, porque o maior perigo é não arriscar nada.
Há pessoas que não correm nenhum risco, não fazem nada, não têm nada e não são nada.
Elas podem até evitar sofrimentos e desilusões, mas elas não conseguem nada, não sentem nada, não mudam, não crescem, não amam, não vivem.
Acorrentadas por suas atitudes, elas viram escravas, privam-se de sua liberdade.
Somente a pessoa que corre riscos é livre!

O Copo d'água

O velho mestre pediu a um jovem triste que colocasse uma mão cheia de sal em um copo d'água e bebesse.

"Qual é o gosto?", perguntou o Mestre.

"Ruim", disse o aprendiz.

O mestre sorriu e pediu ao jovem que pegasse outra mão cheia de sal e levasse a um lago. Os dois caminharam em silêncio e o jovem jogou o sal no lago, então o velho disse:

"Beba um pouco dessa água".

Enquanto a água escorria do queixo do jovem, o mestre perguntou:

"Qual é o gosto?"

"Bom!" disse o rapaz.

"Você sente gosto do sal?", perguntou o mestre.

"Não", disse o jovem.

O mestre então sentou ao lado do jovem, pegou sua mão e disse:


"
A dor na vida de uma pessoa não muda. Mas o sabor da dor depende do lugar onde a colocamos. Então quando você sentir dor, a única coisa que você deve fazer é aumentar o sentido das coisas. Deixe de ser um copo. Torne-se um lago".

Divirta-se!

Não estou louca, ainda não. Esse título tem tudo a ver com a verdade.
Também não quero ser a Senhorita Razão... Mas é que precisamos expressar mais abertamente sobre essas coisas da vida. Logo serei mais especifica.
Bom, esse papo de "a vida ensina" é super verdade porém custa muito caro você perder UM minuto que seja da sua vida conversando com alguém que esteja necessitado daquela dica de vida que você por acaso conhece tão bem? São capítulos e um belo dia entendemos seu significado, sendo assim, ao passar do tempo acumulamos um tanto quanto de experiências, afinal, todas são válidas! Mas eu quero chegar a respeito das pessoas que mesmo com toda a cesta básica psicológica e econômica necessária são instáveis, medrosas e pobres. Meus queridos irmãos, a vida é dura, mas fica mais fácil, aliás, tudo fica mais fácil, quando criamos aquela coisa que costumamos chamar de afeto né?! Não há noitada que faça você se sentir bem com você mesmo depois de ter magoado alguém, não há cerveja, não há vodka...

Ser Jovem

"Ser jovem é não perder o encanto e o susto de qualquer espera. É sobretudo não ficar fixado nos padrões da própria formação. Ser jovem é ter abertura para o novo, na mesma medida do respeito ao imutável. É acreditar um pouco na imortalidade em vida e querer a festa, o jogo, a brincadeira, a lua, o impossível, o distante. Ser jovem é ser bêbado de infinitos que terminam logo ali. Só pensar na morte de vez em quando. É não saber de nada e poder tudo. Ser jovem é acordar, pelo menos de vez em quando, assobiando uma canção antes mesmo de escovar os dentes. Ser jovem é não dar bola para o síndico mas reconhecer que ele está na sua. É achar graça do riso, ter pena dos tristes e ficar ao lado das crianças. Ser jovem é estar sempre aprendendo inglês, é gostar de cor, xarope, gengibirra e pastel de padaria. Ser jovem é não ter azia, é gostar de dormir e crer na mudança; é meter o dedo no bolo e lamber o glacê. É cantar fora do tom, mastigar depressa e engolir devagar a fala do avô. É gostar de barca da Cantareira, carro velho e roupa sem amargura. É bater papo com a baiana, curtir o ônibus e detestar meia marrom. Ser jovem é beber chuvas, ter estranhas, súbitas e inexplicáveis atrações. É temer o testemunho, detestar os solenes, duvidar das palavras. Ser jovem é não acreditar no que está pensando, exceto se o pensamento permanecer depois. É saber sorrir e alimentar secretas simpatias pelos crentes que cantam nas praças em semi-círculo, Bíblia na mão, sonho no coração. É gostar de ler e tentar silêncios quase impossíveis. É acreditar no dia novo como obra de Deus. É ser metafísica sem ter metafísica. É curtir trem, alface fresquinha, cheiro de hortelã. É gostar de talco. Ser jovem é ter ódio de cachimbo, de bala jujuba, de manipulação, e ser usado. Ser jovem é ser o único capaz de compreender a tia, de entender o reclamo da empregada e apoiar o seu atraso. Ser jovem é continuar gostando de deitar na grama. É gostar de beijo, de pele, de olho. Ser jovem é não perder o hábito de se encabular. É ir para ser apresentado ("- Já conhece fulano?") morrendo de medo. Ser jovem é permanecer descobrindo. É querer ir à lua ou conhecer Finlândias, Escócias e praias adivinhadas. É sentir cheiros raríssimos: cheiro de férias, de mãe chegando em casa em dia de chuva, cheiro de festa, aipim, camisa nova, marcenaria ou toalha do clube. Ser jovem é andar confiante como quem salta, se possível de mãos dadas com o ar. É ter coragem de nascer a cada dia e embrulhar as fossas no celofane do não faz mal. É acreditar em frases, pessoas, mitos, forças, sons, é crer no que não vale a pena mas ai da vida se assim não fosse. É descobrir um belo que não conta. É recear as revelações e ir para casa com o gosto do silêncio amargo ou agridoce. Ser jovem é ter a capacidade do perdão e andar com os olhos cheios de capim cheiroso. É ter tédios passageiros, amar a vida, ter pronta a palavra de compreensão. Ser jovem é lembrar pouco da infância por não precisar fazê-lo para suportar a vida. Ser jovem é ser capaz de anestesias salvadoras. Ser jovem é misturar tudo isso com a idade real, trinta, quarenta, cinqüenta, sessenta, setenta ou dezenove. É sempre abrir a porta com emoção. É esperar dos outros o que ainda não desistiu de querer. Ser jovem é viver em estado de fundo musical de super-produção da Metro. É abraçar esquinas, mundos, espaços, luzes, flores, discos, cachorros e a menininha, com um profundo, aberto e incomensurável abraço feito de festa, cocada preta, dentes brancos e dedos tímidos, todos prontos para os desencontros da vida e com profunda e permanente vontade de SER."